Encontro internacional discutiu relação da microcefalia com o Zika Vírus
Os primeiros passos para esclarecer a relação da microcefalia associada ao Zika Vírus foram dados durante o Encontro Internacional - Apresentação de Resultados Sorológicos em Zika Vírus e dos Métodos Aplicados ao Diagnóstico Diferencial nas Arboviroses, realizado no dia 6 de dezembro, no auditório do Centro de Ensino e Pesquisa Professor Adib Jatene (CEPPAJ), na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em Salvador. O evento reuniu especialistas de diversas áreas que discutiram temas como o pré-natal em gestantes expostas ao vírus; reabilitação de crianças com síndrome congênita; importância da avaliação clínica e dos exames de bioimagem para diagnosticar lesões no cérebro; desafios genéticos para o diagnóstico do Zika Vírus, além de apresentar a experiência desenvolvida pelo Instituto Superiore di Sanitá (ISS), em Roma (Itália), referência no diagnóstico de infecção por arbovírus (vírus transmitidos por mosquitos).
Durante o encontro foram apresentados, pela primeira vez no Brasil, os resultados da técnica aplicada pelo ISS no exame laboratorial do Zika Vírus, a partir da sorologia, em casos assistidos na Bahia. De acordo com a pesquisadora Giullieta Venturi, os ensaios feitos com mães e crianças por meio do teste de neutralização para inibição das placas (PRNT) revelou que 90% de todas as mães foram positivas para o Zika Vírus, reforçando a ligação de infecções congênitas associadas ao vírus.
Para a coordenadora do Ambulatório de Neuropediatria da OSID, a neuropediatra Janeusa Primo, mesmo o teste de referência ajudando a esclarecer o diagnóstico do Zika Vírus, o papel do clínico é muito importante para reconhecer uma possível infecção por arbovírus. “Apenas o resultado laboratorial não será conclusivo para o diagnóstico do Zika Vírus, mas a junção dele com os dados clínicos. Por isso ressaltamos a importância de coletar amostras, da maneira correta, imediatamente no momento da suspeita, e de fornecer ao laboratório o maior número possível de informações sobre o paciente”.
Segundo a neuropediatra, o encontro internacional “foi muito rico porque aproximou a área básica da área aplicada, discutindo o que está sendo feito em laboratório com os casos assistidos em consultório. Isso nos permite prosseguir nessa proposta assistencial que temos desenvolvido aqui nas Obras de Irmã Dulce”.
Atendimento em microcefalia – Um dos destaques do Encontro Internacional foi a atuação das Obras Sociais Irmã Dulce no atendimento às crianças com síndromes congênitas associadas ao Zika Vírus, como a microcefalia. A neuropediatra Janeusa Primo mostrou o perfil do serviço oferecido na instituição, que desde sua implantação no Ambulatório de Neuropediatria, no final do ano de 2015, já atendeu 200 crianças com microcefalia, que passam por avaliação neurológica, avaliação ambulatorial e exames de neuroimagem.
Já a coordenadora do Centro Especializado em Reabilitação Irmã Dulce (CER IV), Rosinei Souza, apresentou a experiência da unidade na estimulação global do neurodesenvolvimento de bebês que apresentam alterações neurológicas em decorrência da Zika. Atualmente o CER IV atende 41 crianças com microcefalia ou que apresentam outras manifestações da síndrome congênita, assistidas por uma equipe interdisciplinar formada por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, educador físico, neuropediatra, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo. As intervenções terapêuticas aplicadas pela equipe têm contribuído para a evolução no desenvolvimento neuropsicomotor dos pacientes, ajudando a minimizar os impactos das limitações provocadas pela microcefalia.