Uma iniciativa consciente e sensível vem transformando a paisagem da área externa do Hospital Eurídice Sant’anna (HES), unidade administrada pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) no município de Santa Rita de Cássia. Objetos que teriam o lixo como destinação final foram reutilizados e agora dão mais vida aos jardins do complexo.  Pneus velhos, calotas de carro, tubos de PVC e mangueiras – materiais que levam anos se decompondo e danificando o meio ambiente – se transformaram em alegorias coloridas espalhadas pelo gramado e vêm encantando funcionários, pacientes e acompanhantes. Helenildes Oliveira, presidente do Comitê de Sustentabilidade do HES, responsável pela iniciativa, comemora os resultados: “O jardim se tornou um atrativo para pais e crianças no aguardo dos atendimentos ambulatoriais, pois o ambiente ganhou um ar mais leve, através das cores, dos bichos e das flores. Virou point para registros fotográficos”.

A ação, que vem funcionando tanto no ponto de vista ambiental quanto estético, é resultado prático dos Jardins Sustentáveis. O projeto é empreendido pelo comitê criado, no âmbito do complexo hospitalar, para ancorar demandas com esse perfil. Tendo como parâmetro as dimensões social, ambiental e econômica, “o trabalho é desenvolvido a partir do reaproveitamento de sucatas geradas na própria instituição, com pneus doados por um prestador de serviços e com a aquisição de tintas a partir da venda de caixas de papelão”, explica Helenildes, que também coordena o projeto. Ela afirma que tanto o comitê quanto o projeto tiveram boa receptividade entre os funcionários, impulsionando um treinamento para as equipes da unidade com o propósito de “criar multiplicadores de ações sustentáveis”. Deu certo. Em poucos meses, o comitê já trabalha com uma meta de ampliação dos Jardins Sustentáveis, antevendo a inclusão de novas peças na área ajardinada do hospital.

Consciência - O projeto vem progredindo com a dedicação dos participantes, num belo exercício de união e cooperação. Motivada pelo ideal de contribuir para que as práticas de sustentabilidade sejam cada vez mais assimiladas no dia a dia das pessoas, seja dentro do hospital ou em suas comunidades, a equipe se empenha na busca de bons resultados. “Cada um oferece suas habilidades nas etapas da construção das peças”, diz Helenildes. Assim, do reaproveitamento de pneus, frascos de desodorante, parafusos, cabo de vassoura e até materiais incomuns como películas de filme de Raio-X e discos de freio de carro, surgiram as representações de insetos e animais, como sapos, caracóis, girafa, zebra, abelhas e joaninhas, que passaram a “habitar” a área verde do hospital. As peças embelezam duplamente, pois também são utilizadas como vasos de plantas.

Para além das qualidades lúdicas traduzidas pelas formas e nas cores das tintas, cada objeto inserido no jardim carrega a consciência das pessoas que os produziram. “Sabemos que um pneu, por exemplo, leva cerca de 600 anos para se decompor, o que pode causar danos irreparáveis à natureza como o entupimento dos rios e das redes de esgotos e a poluição da atmosfera – caso sejam incinerados incorretamente –, além de ocuparem espaços consideráveis nos aterros sanitários”, pontua Helenildes. Assim, os novos “jardineiros” do HES procuram se fortalecer na causa que abraçaram e que segue inspirando seus colaboradores, pacientes e acompanhantes.